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Compra de Votos nas Eleições 2024: saques altos e a necessidade de reformas na Legislação Eleitoral

Por: Raul Silva - Rádio Itapuama FM

Cobertura das Eleições 2024 em Arcoverde e Região.

06/10/2024 - 16h


A prática de compra de votos nas eleições é uma questão recorrente no Brasil, e em 2024, com o avanço das tecnologias e maior vigilância, esse crime continua a desafiar as autoridades eleitorais. Um ponto de atenção tem sido os saques elevados de valores em dinheiro no dia do pleito, o que pode estar relacionado à compra de votos. Relatórios preliminares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em parceria com o Banco Central indicam que saques acima da média foram observados em diversas cidades do país, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, áreas historicamente vulneráveis a práticas de abuso econômico eleitoral.


Essa relação entre saques de altos valores e a possível compra de votos levanta preocupações sobre a eficácia das leis vigentes. Atualmente, o artigo 299 do Código Eleitoral Brasileiro já prevê a punição para quem oferecer ou prometer dinheiro ou qualquer vantagem para obter o voto de alguém. No entanto, provar essa relação entre os saques e a compra de votos ainda é um desafio. Normalmente, as transações ilícitas são realizadas de forma discreta, dificultando a atuação das autoridades para flagrar o ato e responsabilizar os envolvidos.


Para combater essa prática, especialistas apontam para a necessidade de reformas na legislação eleitoral e no sistema bancário, com medidas que possam inibir a movimentação de grandes quantias de dinheiro nas proximidades das eleições. Uma proposta que tem ganhado força é a limitação de saques durante a semana que antecede o pleito, evitando que grandes montantes de dinheiro estejam disponíveis para práticas de corrupção. Outro ponto crucial seria o fortalecimento da vigilância bancária, com o Banco Central monitorando de perto os saques elevados e reportando movimentações suspeitas à Justiça Eleitoral.


A legislação atual prevê penas rigorosas para a compra de votos, com detenção de até quatro anos e multa para quem for flagrado cometendo esse crime. No entanto, o problema reside na dificuldade de reunir provas contundentes. As autoridades eleitorais, em parceria com o Ministério Público, precisam de evidências diretas, como gravações, confissões ou testemunhos confiáveis para sustentar a acusação. Mesmo que haja indícios, como saques elevados, é necessário demonstrar que esses valores foram utilizados diretamente para influenciar o voto de eleitores.


Em 2024, foram observadas algumas iniciativas para mitigar esses crimes. A Justiça Eleitoral, em conjunto com o Banco Central, tem intensificado a fiscalização das movimentações financeiras durante o período eleitoral. Bancos foram orientados a comunicar imediatamente qualquer movimentação atípica de dinheiro, especialmente em cidades pequenas, onde o controle social e a fiscalização são mais frágeis. Além disso, o uso da tecnologia está sendo aprimorado, com a Justiça Eleitoral incentivando eleitores a denunciarem irregularidades por meio de aplicativos e plataformas online.


Apesar desses esforços, há um consenso entre juristas e especialistas eleitorais de que medidas mais contundentes são necessárias. A criação de mecanismos que limitem ou até bloqueiem grandes saques em dinheiro próximo às eleições poderia reduzir significativamente a compra de votos. O Banco Central desempenha um papel crucial nessa nova etapa de fiscalização. Ao monitorar de perto as transações, o banco pode colaborar ativamente para coibir práticas ilícitas, entregando relatórios mais detalhados à Justiça Eleitoral.


Na análise jurídica dos casos recentes, há uma clara lacuna entre a capacidade de identificar irregularidades financeiras e de punir os responsáveis. O acompanhamento mais rigoroso das movimentações financeiras por parte dos bancos, somado a mudanças na legislação, como a limitação dos saques em dias críticos, poderia ser um divisor de águas. Juristas defendem que, além de punir quem compra votos, é necessário criar um ambiente onde a própria compra de votos se torne logisticamente inviável.

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